As taxas de juros nas alturas vêm moldando o cenário financeiro global e influenciando diretamente os investimentos em mercados emergentes. Para Cicero Viana Filho, compreender os efeitos desse fenômeno é fundamental para avaliar riscos e identificar oportunidades nesses países, onde a volatilidade e a dependência de fluxos internacionais de capital são mais evidentes. Saiba mais, a seguir!
Por que as taxas de juros elevadas impactam tanto os mercados emergentes?
Quando as taxas de juros estão elevadas, investidores globais tendem a buscar aplicações em economias desenvolvidas, que oferecem maior segurança e retornos mais previsíveis. Isso provoca uma fuga de capitais dos mercados emergentes, aumentando a pressão sobre moedas locais e gerando instabilidade. Esse movimento cria desafios adicionais para governos e empresas que precisam lidar com custos mais altos de financiamento e menor atratividade de seus ativos.
Segundo Cicero Viana Filho, um dos maiores impactos das taxas de juros elevadas em mercados emergentes ocorre no endividamento. Dívidas públicas e privadas ficam mais caras, já que novos empréstimos ou rolagens de dívidas existentes exigem pagamento de juros maiores. Esse cenário limita a capacidade de investimento em infraestrutura, saúde e educação, além de reduzir margens de lucro de empresas endividadas.
Como as taxas de juros altas afetam o câmbio e a inflação?
Taxas de juros elevadas também têm efeito direto sobre o câmbio. Em muitos casos, a saída de capitais pressiona a desvalorização da moeda local, aumentando o preço de produtos importados e impactando a inflação. Para tentar controlar esse processo, bancos centrais de mercados emergentes podem ser obrigados a subir ainda mais as taxas de juros, o que intensifica os efeitos negativos sobre a atividade econômica.
Esse cenário cria um dilema: de um lado, a necessidade de manter a inflação sob controle; de outro, o risco de aprofundar a recessão. De acordo com Cicero Viana Filho, o equilíbrio entre estabilidade de preços e crescimento econômico torna-se um dos maiores desafios de política monetária para esses países. No entanto, nem todos os setores reagem da mesma forma a juros elevados. Os mais sensíveis são aqueles que dependem fortemente de crédito e capital de giro, como construção civil, varejo e pequenas e médias empresas.

O setor imobiliário, por exemplo, tende a desacelerar, pois financiamentos habitacionais ficam mais caros e a demanda diminui. Por outro lado, alguns setores podem se beneficiar, como o de instituições financeiras, que ampliam suas margens de lucro com a cobrança de juros mais altos. Investidores atentos conseguem identificar oportunidades mesmo em momentos de aperto monetário, direcionando recursos para segmentos mais resilientes.
Quais estratégias os investidores podem adotar em mercados emergentes com juros altos?
Investir em mercados emergentes durante períodos de taxas de juros nas alturas exige cautela e planejamento. Diversificação geográfica, seleção criteriosa de ativos e análise macroeconômica são essenciais para mitigar riscos. Além disso, ativos ligados a commodities podem oferecer alguma proteção, já que esses países são grandes exportadores e se beneficiam de ciclos de valorização internacional.
Como aponta Cicero Viana Filho, outra alternativa é buscar empresas com baixa alavancagem e boa geração de caixa, menos vulneráveis à alta do custo de financiamento. Investidores institucionais também costumam recorrer a instrumentos de proteção cambial para reduzir perdas em períodos de forte desvalorização da moeda local.
Qual é a perspectiva futura para os mercados emergentes diante das taxas de juros elevadas?
O futuro dos mercados emergentes dependerá da evolução da política monetária global, principalmente nos Estados Unidos e na União Europeia. Cicero Viana Filho frisa que, caso as economias desenvolvidas iniciem ciclos de queda nos juros, haverá espaço para retorno de capitais e retomada da atratividade desses países. Enquanto isso não acontece, os mercados emergentes precisarão reforçar sua credibilidade fiscal, atrair investimentos produtivos e criar mecanismos internos de resiliência.
Autor: Michael Davis