Paulo Twiaschor observa que o concreto autorregenerativo representa um avanço disruptivo na engenharia civil, oferecendo soluções inovadoras para prolongar a vida útil das construções. Esse material é desenvolvido com aditivos inteligentes, como microcápsulas de polímeros ou bactérias específicas, capazes de reagir ao contato com água e preencher microfissuras de forma autônoma. O objetivo é reduzir infiltrações, prevenir corrosão das armaduras e evitar patologias que costumam comprometer a segurança estrutural ao longo do tempo.
O conceito surge como resposta ao desafio global da durabilidade. Estruturas de concreto armado, embora resistentes, sofrem desgaste devido a variações térmicas, umidade e esforços mecânicos. Com a aplicação de tecnologias autorregenerativas, é possível reduzir drasticamente a necessidade de reparos e manutenção corretiva, elevando a confiabilidade de pontes, túneis, edifícios e barragens.
Bactérias e processos biotecnológicos no concreto
Segundo Paulo Twiaschor, uma das vertentes mais promissoras envolve o uso de bactérias calcificadoras. Inseridas em microcápsulas com nutrientes, elas permanecem inativas até que a água penetre em fissuras. Ao se reativarem, iniciam processos de biomineralização que formam cristais de carbonato de cálcio, selando as aberturas. Esse mecanismo natural confere ao concreto a capacidade de se “curar sozinho”, mitigando danos antes que evoluam para problemas graves.

Outra abordagem utiliza agentes químicos encapsulados que, ao se romperem diante da fissuração, liberam compostos capazes de cristalizar e obstruir os espaços. Essa estratégia amplia o alcance da tecnologia, permitindo adaptações de acordo com o tipo de estrutura, clima e intensidade de esforços. Em ambos os casos, a meta é prolongar a integridade estrutural e reduzir custos de manutenção.
Benefícios para sustentabilidade e redução de custos
Paulo Twiaschor analisa que o concreto autorregenerativo traz benefícios significativos para a sustentabilidade. Ao diminuir a frequência de reparos e a necessidade de substituição de elementos estruturais, reduz-se o consumo de cimento, um dos materiais mais emissores de CO₂ no setor da construção. Essa contribuição ambiental fortalece o alinhamento do setor às metas globais de descarbonização.
Do ponto de vista econômico, a tecnologia gera economia expressiva no ciclo de vida da edificação. Embora o custo inicial seja superior ao do concreto convencional, a diminuição de intervenções futuras compensa o investimento. Essa lógica torna o concreto autorregenerativo especialmente atraente em obras de grande porte ou em infraestruturas críticas, onde paradas para manutenção representam impactos financeiros e sociais elevados.
Integração com BIM e manutenção preditiva
De acordo com Paulo Twiaschor, a aplicação do concreto autorregenerativo pode ser potencializada com o uso de BIM e manutenção preditiva. Modelos digitais permitem mapear áreas de maior risco de fissuração e monitorar a performance ao longo do tempo. Sensores embutidos em estruturas podem indicar quando o processo de regeneração foi ativado e se está ocorrendo conforme o previsto.
Essa integração cria um ciclo inteligente de monitoramento, em que dados de campo retroalimentam os modelos digitais, orientando decisões sobre reforços e inspeções. Assim, a gestão das construções passa a ser baseada em evidências, elevando a confiabilidade e reduzindo incertezas.
O futuro da construção com materiais inteligentes
Paulo Twiaschor conclui que o concreto autorregenerativo faz parte de um movimento maior de adoção de materiais inteligentes na engenharia civil. A expectativa é que, com avanços em biotecnologia e nanotecnologia, novas formulações surjam para ampliar a resistência, a sustentabilidade e a eficiência das obras. Em paralelo, a padronização de normas e certificações será essencial para expandir sua aplicação em escala comercial.
O futuro da construção aponta para edificações mais resilientes, sustentáveis e econômicas, em que os próprios materiais colaboram para sua preservação. Nesse cenário, o concreto autorregenerativo não é apenas uma inovação, mas um símbolo da transformação tecnológica que redefine a forma de projetar, executar e manter obras no século XXI.
Autor: Michael Davis