O cenário internacional passa por uma readequação profunda das relações comerciais devido às metas climáticas definidas por blocos econômicos e países desenvolvidos. Aldo Vendramin, empresário e fundador, apresenta que a nova meta anunciada pela União Europeia, que prevê a redução de 90% das emissões até 2040, cria um novo conjunto de desafios e requisitos para nações exportadoras como o Brasil, especialmente no setor do agronegócio.
Ao estabelecer objetivos agressivos de descarbonização, a União Europeia reorganiza seu modelo de produção e consumo. Ao mesmo tempo, pressiona parceiros comerciais a adotar padrões equivalentes. Isso significa que o Brasil, ao ser grande fornecedor de alimentos, commodities e produtos industriais, passa a conviver com exigências mais rigorosas de rastreabilidade, comprovação de origem e controle de emissões ao longo de toda cadeia produtiva.
Venha compreender mais no artigo a seguir!
Novas regras, novos critérios e um mercado mais técnico
As metas climáticas propostas não se traduzem apenas em documentos políticos, elas resultam em legislações, acordos comerciais revisados e barreiras não tarifárias. Isso considerando que os exportadores brasileiros já enfrentam uma série de normativas e certificações necessárias para acessar mercados europeus. A perspectiva é de que até 2030 essas exigências se tornem ainda mais detalhadas, com auditorias, monitoramento contínuo e comprovação de dados ambientais.
Tal como informa o senhor Aldo Vendramin, a rastreabilidade ambiental tornou-se o principal instrumento de validação comercial. Isso inclui monitoramento de emissões, origem do produto, práticas de manejo, recuperação de áreas e comprovação de que não houve desmatamento em ciclo produtivo recente. A transparência deixou de ser diferencial e se transformou em requisito mínimo de permanência no mercado.

As cadeias que mais sofrem pressão são aquelas relacionadas a carne, soja e produtos de base florestal. Entretanto, a expectativa é que a exigência se amplie para fertilizantes, energia e bens industriais. Ou seja, o impacto não atinge apenas quem produz, mas quem fornece insumos, logística, processamento e distribuição.
A relação entre legislações ambientais e competitividade
A agenda climática alterou a forma como se mede competitividade, dado que, o preço e produtividade continuam essenciais, mas não são mais suficientes. A capacidade de comprovar impacto ambiental e de atender critérios de sustentabilidade passou a influenciar contratos, prazos, parcerias e financiamento.
Empresas europeias que desejam cumprir metas de descarbonização buscam fornecedores que possam agregar menor risco regulatório. Isso impacta diretamente propriedades e indústrias que não registram dados ou que não possuem documentação consolidada. A ausência de comprovação pode ser interpretada comercialmente como risco, mesmo quando as práticas são adequadas.
Assim como frisa Aldo Vendramin, o produtor que pretende acessar mercados internacionais precisa organizar gestão, criar histórico documental e medir resultados ambientais. Não basta estar em conformidade, é necessário demonstrar conformidade.
Oportunidades para o Brasil no contexto de metas globais
Se por um lado as exigências regulatórias impõem desafios, por outro abrem espaço para o reposicionamento do país. O Brasil possui matriz energética mais limpa que a média global, área significativa para recuperação e reflorestamento, potencial para soluções biológicas e capacidade de escala produtiva, alude o empresário.
Esses elementos podem transformar o país em protagonista da economia de baixo carbono. A produção com menor intensidade de carbono, quando comprovada, pode agregar valor, acessar nichos específicos e ampliar contratos. Mercados que pagam por sustentabilidade, rastreabilidade e origem verificada tendem a crescer.
Além disso, o avanço em certificações nacionais reduz custos e tempo de validação. A criação de uma certificadora brasileira de créditos de carbono fortalece a credibilidade e incentiva produtores a investirem em práticas sustentáveis com retorno econômico.
Aldo Vendramin ainda menciona que a oportunidade está em alinhar produção e governança, transformando o diferencial ambiental em vantagem competitiva. Ao combinar produtividade com sustentabilidade, o produtor se adequa às exigências e participa de mercados em expansão.
Preparação técnica e documental como diferencial futuro
A adaptação às metas climáticas europeias exige planejamento, registro e controle. A digitalização da propriedade rural, o uso de softwares de gestão, a medição de carbono no solo e a adoção de práticas regenerativas são movimentos estratégicos. A organização documental permite que o produtor participe de programas de certificação, financiamento verde e contratos mais estáveis, elucida Aldo Vendramin.
A comprovação de capacidade ambiental, assim como o alinhamento a políticas de preservação e recuperação, integra as diretrizes que orientarão negociações futuras. Quem se prepara agora responderá com mais agilidade às exigências de 2026 em diante.
As produções do futuro
As metas climáticas da União Europeia representam um marco no comércio internacional e no posicionamento das cadeias produtivas. Para o Brasil, o impacto é significativo, mas acompanhado de oportunidades. Cumprir exigências e demonstrar responsabilidade ambiental serão determinantes para permanência e expansão das exportações agrícolas.
O agronegócio que alia tecnologia, rastreabilidade e governança ambiental tem condições de fortalecer sua reputação, acessar mercados premium e ampliar competitividade global. E como considera o senhor Aldo Vendramin, a transição exige gestão, investimento e capacidade de planejamento, mas projeta o Brasil e seus produtores como agentes centrais da economia sustentável.
Autor: Michael Davis